Futuro das partidas no Posto 6 e na Francisco Sá é incerto. Jogadores temem que não haverá espaço.
Frequentadores de duas redes de vôlei de Copacabana, entre as ruas Francisco Otaviano e Joaquim Nabuco, andam preocupados. Desde novembro, com início das obras para a construção de um quiosque, a bola deu lugar aos operários e às escavadeiras. E uma dúvida paira na cabeça de quem joga no local: será que a rede voltará a existir?
− Gostaríamos de saber se há algum canal para negociarmos, pelo menos, a permanência de uma das redes, conciliando o nosso lazer com o quiosque. Ninguém nos procurou e parece que essa é a prática da prefeitura – queixa-se Renato Abreu. − É um contrassenso que, num momento em que a cidade se prepara para receber as Olimpíadas, a cidade seja privada da prática esportiva.
A Orla Rio, por meio de sua assessoria, afirmou ter cumprido as determinações da prefeitura. A empresa não esclareceu se haverá espaço para as atividades das redes, mas afirmou que vai entrar em contato com os frequentadores a fim de conseguir um novo lugar para a prática do esporte.
As redes do Posto 6 eram freqüentadas por militares e civis e já viram alguns dos maiores atletas brasileiros da modalidade passarem por lá. Bernard Rajzman, Bebeto de Freitas e o atual técnico da seleção brasileira Bernardinho, são apenas alguns dos nomes que ajudaram a criar essa história que, segundo um outro freqüentador, Newton Tellerman, passou dos 60 anos.
− Eu freqüento há 40 anos esta quadra – conta Newton. − Mas a quadra já existia antes há, pelo menos, 20 anos.
No local todos os anos são promovidos torneios contra equipes que treinam em Ipanema, além das competições de pais e filhos. São os frequentadores que bancam a manutenção das redes, com o nivelamento da areia e a compra de telas de proteção.
− Compramos uma tela para que a bola não atingisse quem se senta próximo à estátua (do Dorival Caymmi). Podemos fazer o mesmo com o quiosque – garante Abreu, que quer abrir um diálogo com responsáveis pelo quiosque.
O receio dos frequentadores aumenta porque é no local que a Praia de Copacabana tem a sua faixa mais estreita de areia. Algumas vezes ao ano, inclusive, a rede já fica imprópria por conta de ressacas na praia. Eles temem que, com o quiosque avançado mais sobre a areia, a rede será inviabilizada.
− Isso já aconteceu na Rua Bolívar, onde existia um campo de futebol até 2006, que, com o novo quiosque, não existe mais – conta Horácio Magalhães, presidente da Sociedade Amigos de Copacabana.
Os frequentadores das redes na altura da Rua Francisco Sá foram informados que as obras chegarão ao local em março. Eles também temem que, no futuro, não haverá faixa de areia suficiente para as redes.
− Não foi na minha rede, por enquanto. Mas foi uma grande indelicadeza. As redes existem há mais de 50 anos – reclama Antonio Tebet.
* Matéria transcrita do jornal O Globo em seu caderno de bairros em 20.01.2011 por Eduardo Zobaran
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